Lixo no bairro? Do lixo, cuido eu!

23/11/2011 11:09

          Pedro Henrique Oliveira Gomes

            Numa reportagem recente da imprensa carioca intitulada “Carioca ainda não sabe jogar a sujeira no lixo”, o comportamento da população carioca era posto em discussão frente a destinação inadequada do lixo público produzido na vida cotidiana. Sim, aquele papelzinho de bala ou aquela latinha de refrigerante que depois de consumidos, na sua maioria, não seguia o caminho das lixeiras públicas. Segundo a reportagem, diante da assustadora quantidade de lixo recolhido em diferentes cantos da cidade maravilhosa, a Prefeitura do Rio tomou a decisão de quantificar o lixo recolhido por bairros, divulgar um ranking e planejar ações de prevenção contra o problema nas áreas com maior volume de lixo. Desta forma, foi criado o lixômetro, que após seis meses de operação, o balanço dos números trouxe algumas constatações interessantes. Dentre os resultados, tivemos a notícia de que a quantidade de lixo recolhido é assustador, sendo o bairro de São Cristovão um dos mais degradados pela população carioca. Diante de tal resultado, como podemos analisar e pensar em soluções de curto e longo prazo.

            Primeiro, acredito na responsabilidade dos órgãos públicos na definição de políticas e ações setorizadas, visando garantir os serviços públicos básicos a toda à população. Pois, como podem cobrar da população um comportamento exemplar, se não existe garantias de segurança, preservação, lazer, educação e trabalho no dia a dia do bairro. Segundo, a população não deve agir de forma conformista e irresponsável no espaço público. Caso contrário, vira a barbárie total. Cada um de nós deve ter envolvimento e consciência do nosso papel e buscar sempre zelar pelo nosso patrimônio e espaço das relações sociais. Se a prefeitura não faz, eu vou piorar? Claro que não. Terceiro, destaco a escola como um ator de grande potencial. Pois é na escola que construímos saberes, nos relacionamos coletivamente e nos sensibilizamos quanto as nossas responsabilidades. No entanto, não trabalho com a idéia de escola como instituição de portas fechadas e sim como comunidade escolar, formada por pais, alunos, professores, diretores, inspetores e os diferentes profissionais que constroem e se relacionam cotidianamente no espaço escolar. Esses agentes unidos e em diálogo podem assumir um protagonismo importante na luta pela manutenção e preservação do espaço e patrimônio público. É na escola que podemos unidos trabalhar e refletir sobre os problemas, levantar idéias e construir soluções para o problema em questão.

            Por fim, o que podemos fazer para acabar com a fama momentânea do bairro de São Cristovão no problema do lixo público? Agir com responsabilidade e consciência sustentável, disseminar e valorizar ideias de reciclagem e coleta seletiva e, principalmente, transformar em ação o ímpeto da cidadania plena podem ser um caminho luminoso para uma destinação do lixo público mais sustentável.